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  • Writer's pictureSâmara Jorge

Quando chega a gravidez: O que está acontecendo comigo?

O que está acontecendo comigo?

Podemos entender a gravidez como um grande ciclo transformador na vida de uma mulher.

A gravidez é um processo misterioso, secreto e silencioso, que provoca mudanças físicas e psíquicas, antes mesmo que a mulher saiba que está grávida. É como se o corpo se transformasse em um “ninho quentinho”, escolhido pela natureza para cumprir o curso da vida.

A maternidade talvez seja a única experiência eterna. Uma vez mãe, nunca se deixa de ser mãe, especialmente por todas as transformações externas e internas decorrentes da gravidez e da chegada de um filho.

A gravidez reorienta e reorganiza todo o corpo e o psiquismo da mulher. A intensidade das emoções, as constantes mudanças de humor, apetite, sono, o ritmo diferente, tudo parece fazer parte do despertar da consciência do que é ser mãe.

Embora tenhamos, em nossa sociedade, a imagem de que a mulher deva ter apenas sentimentos bons e de aceitação em relação à maternidade, na prática, sabemos que nem sempre é isto o que acontece. Não é raro que, principalmente no início, sentimentos ambíguos em relação à maternidade possam ocorrer e, em alguns casos, a não aceitação da gravidez pode se prolongar por um grande período, chegando, eventualmente, até o nascimento.

Algumas mulheres podem viver um sentimento de rejeição em relação à gravidez, o que pode ocorrer em função de não estarem prontas para receber um filho, ou por serem muito jovens, por priorizarem outros projetos em suas vidas, por não terem uma relação estável, ou pela falta de condições econômicas ou ainda, pelo fato da gravidez ter sido acidental. Estes e tantos outros fatores que não citei aqui podem determinar a relação que a mulher estabelecerá com a gravidez.

Isto não que dizer que a mãe não ame seu filho, apenas demonstra a intensidade dos sentimentos que invadem a mulher quando ela espera um bebê.

São sentimentos de amor, medo, alegria, angústia, insegurança e ansiedade, pela espera, pela formação do bebê, pelo parto, pelas mudanças que ocorrerão na vida e as responsabilidades que chegam junto com um filho.

Vimos então, que cada mulher vive a gravidez e a maternidade de uma forma muito particular, mas para que possamos entender melhor o que acontece em cada fase, dividiremos a gravidez em três trimestres.

O primeiro trimestre parece ser um período de adaptação a uma nova realidade, a um novo papel... É nos primeiros meses que a mulher costuma ter maior necessidade de sono e recolhimento, talvez para que possa ficar mais em contato com a gravidez e com todas as mudanças que estão ocorrendo dentro de si. É também um período de intensas mudanças hormonais, o que contribui para um aumento na instabilidade e na sensibilidade das futuras mamães. É por volta desta época que a mulher costuma tomar consciência de que está deixando de ser filha para se tornar mãe e este pode ser um momento muito especial para o seu crescimento, se puder ser vivido em toda a sua intensidade e profundidade.

No segundo trimestre, a gravidez parece tornar-se mais real, seja porque a mãe já pode sentir o bebê se mexendo, seja porque a barriga cresce a cada dia. É o momento em que a mulher se sente mais disposta, já há uma adaptação maior às mudanças físicas e psíquicas. Em alguns casos, podem ocorrer desconfortos com relação à sexualidade - medo de machucar o bebê ou fantasias de que sexo e gravidez são incompatíveis, são muito comuns entre casais grávidos. Entretanto, salvo se houver restrições médicas, o carinho e a experiência sexual entre os pais é bastante importante, tanto do ponto de vista do casal, quanto do bebê, que estará sendo gerado em um clima de proximidade e afeto. Alguns homens relatam que, ao manterem relações sexuais com suas esposas, sentem-se mais próximos, é como se pudessem se sentir fazendo parte da unidade mãe-filho.

O último trimestre é vivido com uma dose maior de ansiedade, especialmente os dois últimos meses. O desejo de saber se tudo está bem, de pegar o filho no colo, ver sua carinha, de amamentar, etc, alternam-se com o cansaço provocado pelo aumento de peso, os temores do momento do parto, da nova vida que terá início após o nascimento do bebê e tantas outras fantasias que ocorrem de forma muito particular para cada uma das mulheres que carrega em si um novo serzinho que tão brevemente fará parte de toda a sua vida.

E, no momento em que nasce, olhos, ouvidos, atenção e todos os sentidos da mãe voltam-se para o bebê e, todo o amor que já estava lá, vivido ou não durante a gravidez, desabrocha para aquela criaturinha que precisa de muitos cuidados, mas acima de tudo de muita dedicação, aceitação e amor...

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