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  • samarajorge

PRECISAMOS FALAR SOBRE PRECONCEITO


Crédito: thegreats.co - Pinterest

Essa semana, após um atendimento, onde esse tema foi o assunto da sessão, e presenciar um acontecimento ocorrido com uma pessoa bastante próxima, fiquei pensando como o preconceito é brutal e pode ser devastador para quem o sente na pele.


Por essa razão decidi trazer essa reflexão para conversar com vocês.


Será bom trocar depoimentos e experiências.



O QUE DEFINE O PRECONCEITO?


O preconceito nada mais é do que uma ideia pré-concebida. Estereótipos são criados e atribuídos a alguém ou a algum grupo, mediante um juízo de valor negativo, pautado na ignorância (falta de conhecimento). As consequências disso são a intolerância e a exclusão do que é diferente dos padrões vigentes de uma sociedade, em uma determinada época.


Ninguém nasce preconceituoso. É algo aprendido e passado através de idéias, modelos e atitudes da família, dos grupos e da sociedade em geral.


Infelizmente a mídia e as redes sociais podem contribuir muito para a sua disseminação, quando reforça toda a sorte de padrões e elege uma verdade, um jeito de ser, uma forma de amar, uma crença, um tipo de beleza, o que está na moda, o status social, a “melhor” aparência, a adequação, etc.


E o pior, é que isso, às vezes, vem em mensagens subliminares que, a grande maioria de nós, sequer se dá conta.


Se já é perverso o preconceito explícito, muitas vezes expresso violentamente, o velado é tanto quanto, pois pode ter roupagens de boas intenções, pode ser negado e justificado, colocando a vítima em posição de questionar a própria percepção a respeito de si mesma,e do ambiente que a cerca.



O PRECONCEITO ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO À INTOLERÂNCIA E NÃO DIALOGA COM A DIVERSIDADE.


Todos nós deveríamos enxergar e respeitar o outro como um igual, do ponto de vista humano, mas também como um ser singular, com suas particularidades, sua personalidade e sua individualidade.


Isso não acontece quando a intolerância está presente, pois é ela que leva um indivíduo a julgar o que é diferente de si mesmo, de suas próprias crenças e ideias. Essa postura leva-o a enrijecer suas convicções e a entender como errado, doente, feio, perigoso, motivo de chacota e humilhação, tudo o que não o ecoa.



VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO?


Concordamos com o fato de que cada um de nós tem sua própria digital, certo?. Porém, da mesma forma que não existem duas digitais iguais, não existem pessoas exatamente iguais. Nem mesmo gêmeos monozigóticos são absolutamente idênticos em tudo. Cada pessoa é uma individualidade e somos um diferente do outro, tanto quanto são diferentes nossas digitais.



Pois bem, se pensarmos na digital como um símbolo da nossa individualidade, podemos dizer que existe uma digital/individualidade melhor que outra? As digitais de um preto, de um gay, de um nordestino, de um homem, de uma mulher, de um pobre, de um rico, a minha ou a sua são diferentes, mas não melhores ou piores, certas ou erradas, entre si.



Por que razão, então, as pessoas são julgadas por serem isso ou aquilo?


Quem atribui características e adjetivos negativos a alguém, sem conhecimento prévio, por sua sexualidade, cor, etnia,aparência, idade, condição social ou financeira, etc? Resposta: O PRECONCEITO.


É ele que não acolhe, rejeita.


Que não ama, odeia


Que não inclui, exclui.


Que não respeita, humilha.


Que categoriza, julga, agride, machuca e rotula, de forma cruel.Tão cruel, que faz com que os próprios indivíduos pertencentes aos grupos discriminados, em algum momento de suas vidas, sintam-se como são vistos.


Infelizmente, são tantos os exemplos que eu mesma já testemunhei…


Uma pessoa negra que acreditava ser inferior a uma branca. E, também, o branco que se acreditava superior ao negro.


Uma adolescente, que morava na favela, e entendia que seus estudos haviam chegado ao fim, quando acabou o ensino médio, pois nem mesmo se permitia pensar se queria, ou não, tentar uma universidade.


Um homossexual que pensava haver algo errado com sua forma de amar, ou outro, que ficava extremamente feliz quando era bem tratado por alguém, quando isso deveria ser o esperado, e não o contrário.



Ou ainda, uma pessoa gorda, que passou a vida tentando emagrecer, buscando “estar bonita" quando, na verdade, já era linda e nunca considerou a existência de diferentes tipos de corpos e belezas.



O PRECONCEITO ROUBA A AUTO-ESTIMA E PREJUDICA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DE UM INDIVÍDUO.


Sabemos que a forma como somos espelhados por nossos pais, família, amigos e sociedade, é fator fundamental para a formação de nossa identidade e construção de uma auto-estima saudável. “Aprendemos” a nos reconhecer como fomos vistos. Quando uma pessoa é vítima de preconceito em qualquer fase da vida, pode ser profundamente afetada, e passar a se enxergar com lentes que distorcem sua existência. Isso pode levar a quadros de depressão, isolamento, submissão a relações abusivas de qualquer natureza e, até mesmo, ao suicídio.


Alguns exemplos de preconceitos:


  • racismo (contra negros)

  • misoginia e machismo (contra mulheres)

  • gordofobia (contra corpos gordos)

  • homofobia (contra homossexuais)

  • transfobia (contra pessoas trans)

  • etarismo (contra grupos de determinada faixa etária)

  • religioso (no Brasil a intolerância é maior com as religiões de origem africana)

  • social (contra classes sociais)

  • capacitismo (contra deficientes)

  • xenofobia (contra estrangeiros e migrantes)


FORMAS DE LIDAR COM O PRECONCEITO


Todos nós podemos nos perceber, de alguma forma, preconceituosos, afinal somos humanos,


Porém, o que diferencia uma pessoa que age preconceituosamente e outra que não atua o seu preconceito,é a consciência.


Assim, o primeiro e mais importante passo, é reconhecer e assumir essa condição. Isso nos ajudará a olhar para dentro de nós mesmos, ressignificando nossos sentimentos, pensamentos e ações.


Outra atitude essencial, para lidarmos com o preconceito, é buscar informações sobre o que nos incomoda em determinadas pessoas ou grupos que são alvos da intolerância. Por exemplo: se sua “opinião” a respeito de um casal gay é a de que ali existe uma doença ou um problema,vá atrás de entender o que diz a ciência, o que dizem os especialistas.


Uma qualidade que precisamos desenvolver muito em nossas personalidades é olhar verdadeiramente para o outro. Tentar conhecer a realidade das pessoas que sofrem com o preconceito, ouvir suas histórias, aproximar-se de seu sofrimento, através de uma atitude empática, pode ser de grande ajuda para desmistificar ideias e desconstruir estigmas e estereótipos que carregamos.


E, finalmente, enxergar o outro como um ser humano. Dentro de cada gay, de cada preto, de cada pobre, de cada idoso, de cada deficiente, de cada corpo, de cada mulher, de cada pessoa, enfim, existe uma alma que precisa ser respeitada e tocada com delicadeza e amor.


Se não for assim, só nos restam as relações de poder e a barbárie.


E, como tão bem nos disse Jung: “Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina há falta de amor. Um é a sombra do outro.”

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