top of page
  • Writer's pictureSâmara Jorge

Não é raro lermos artigos ou ouvirmos discussões de pais e mães sobre o custo financeiro que envolve a decisão de ter um filho.

Não há dúvida de que ter um filho impacta diretamente na vida financeira dos casais. Isso é um fato.

Entretanto, o que me motiva a escrever sobre o tema é o quanto o dinheiro parece ser a grande fonte de preocupação.

E como, diante da separação dos pais, essa se torna uma discussão que, muitas vezes, se sobrepõe às outras responsabilidades que envolvem criar um filho.

Infelizmente alguns pais acreditam que, para demonstrar o amor, devem prover o filho com viagens, passeios, celulares, tablets, computadores etc.

Assim, preocupam-se em atendê-los em suas demandas materiais e ocupam-se deles somente através dessa via.

Um filho custa financeiramente, é verdade, mas custa muito mais.

Um filho custa o cansaço de noites mal dormidas e anos de preocupação.

Um filho custa atenção, mesmo quando o cansaço é enorme.

Um filho custa a difícil tarefa de dar os devidos limites.

Custa ensinar o certo e o errado.

Custa o empenho dos pais em dar bons exemplos para que a consciência ética seja desenvolvida.

Quando maior, um filho custa levantar de madrugada para buscá-lo nas primeiras baladas.

Custa sim, intermináveis conversas sobre a vida.

Custa muito colo e acolhimento quando vierem as primeiras decepções amorosas.

Custa aos pais aguentarem a sua própria tristeza e angústia de verem o filho sofrer.

Custa prepará-los para a vida.

Custa construir uma pessoa com boa auto-estima.

Custa ensiná-los a se divertir e, ao mesmo tempo, tornarem-se pessoas responsáveis.

Custa muitas outras coisas que não disse aqui.

E qual a moeda envolvida nesse custo todo?

O AMOR.

Que, nesse caso, é fonte inesgotável de disponibilidade.

Que faz com que todo o cansaço magicamente vá embora quando um sorriso do filho se abre.

Ou quando nos enchem de beijos e abraços espontâneos.

Quando os vemos crescer, tomar suas próprias decisões e trilhar seus caminhos, autônomos e independentes.

E, assim, nós, pais, podemos seguir tranquilos de que fizemos o melhor investimento de nossas vidas.

10 views0 comments
  • Writer's pictureSâmara Jorge

Na última semana, (07 de abril de 2011) o Brasil ficou chocado com a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro (Escola Municipal Tasso da Silveira). Fomos todos invadidos por sentimentos de perplexidade e impotência. Saímos em busca de explicações. Afinal, o que leva um rapaz de 23 anos a cometer um ato de crueldade dessa proporção? Crianças inocentes pagaram com a própria vida pelos problemas vividos pelo ex-estudante. E as que sobreviveram, assim como suas famílias, jamais esquecerão o que viram e a experiência que tiveram naquela terrível manhã. Como mãe e como psicoterapeuta, me pergunto qual é a nossa responsabilidade em casos como esse?

Essa talvez seja uma boa oportunidade para refletirmos sobre como estamos criando nossos filhos. Crianças precisam de norte, de direção. Precisam de afeto, do olhar amoroso dos pais, de acolhimento e de reconhecimento. E de amor, muito amor. Mas precisam também de limites e, sobretudo de conseqüências quando cometem atitudes que desrespeitam, desconsideram ou invalidam o outro em suas vidas.

Nós, pais, precisamos estar atentos ao que nossos filhos precisam. Muitas vezes, um limite dado com afeto, mas com firmeza é uma demonstração inequívoca de amor e segurança para a criança. Vale também refletir sobre a seguinte questão: Será que nós, como pais, agimos com respeito na relação com nosso filhos e em nossas vidas? Será que exercemos nosso papel de cidadãos com consciência? Afinal, somos modelos para nossos filhos, que constroem seus valores convivendo e observando nosso comportamento e nossas atitudes.

Diálogo é também essencial. Mas não entendamos o diálogo como passar longas horas falando com nossos filhos sobre a melhor forma de agir ou se comportar. Ouvi-los é fundamental. Ouvi-los contar sobre o seu dia, sobre suas experiências com os colegas, ouvi-los falar sobre o que lhes passa internamente. Isso dá trabalho e demanda tempo. Quantos de nós realmente paramos para esses momentos? Corremos tanto, trabalhamos sem parar e muitas vezes não nos damos conta de que nossos filhos podem estar sofrendo ou fazendo sofrer. E, não raro, só percebemos que algo está errado quando a escola começa a marcar uma reunião, chama para conversar ou, o que é pior, quando alguma coisa mais grave acontece. Muitas vezes pode ser tarde demais...

Tudo indica que o atirador do Rio de Janeiro sofreu bullying e, embora esse não tenha sido o único fator a levá-lo a cometer esse ato absurdo contra as crianças e contra si mesmo, certamente teve alguma influência importante no desenrolar de sua vida, sua história e seus transtornos. Atendo muitos pais em meu consultório que relatam com uma frequência assustadora esse problema nas escolas de seus filhos.

O que é bullying

Chamamos de bullying todas as atitudes agressivas e repetidas entre crianças e adolescentes – estudantes. Inclui-se aqui, qualquer atitude exercida por um estudante para humilhar, fazer sofrer ou intimidar o outro: apelidos, perseguições discriminações, chacotas, exclusões, preconceitos e até a agressões físicas, sexuais e morais.

Entretanto, é importante discriminar um momento de agressividade ou uma briga do bullying. Só podemos entender como bullying atos agressivos frequentes e repetidos com o mesmo alvo. Muitas vezes, as crianças passam por fases em que estão mais briguentas, mais intolerantes ou agressivas. Essas atitudes podem ser a manifestação de algum problema circunstancial, de alguma dificuldade em lidar com uma situação qualquer em sua vida. É preciso que pais e professores fiquem atentos para que possam fazer essa diferenciação.

Crianças vítimas de bullying, em geral, possuem características diferentes do agressor e sentem-se fragilizadas com essa condição. Podem ser crianças com problemas de insegurança, que já sofrem violência em suas casas, com baixa autoestima, obesidade, timidez, deficiências físicas, diferenças étnicas, culturais, econômicas, e que acabam intimidadas pela diferença, sobretudo de poder que sentem em relação ao agressor. Por se sentirem frágeis, sem recursos e com medo para dar um basta, acabam por se submeter, inclusive por sentirem vergonha de suas “fraquezas e fragilidades”. Em alguns casos, felizmente raros e extremos, podem chegar a tentar ou cometer suicídio.

Já as que praticam o bullying são crianças agressivas, por vezes dissimuladas, que podem ter relações familiares desestruturadas afetivamente. Não é raro que possuam pouca atenção, carinho e cuidados, recebendo poucos limites, ou ainda, que sejam vítimas de agressões físicas e verbais por parte de seus pais.

Como diagnosticar o bullying

É preciso que pais e professores fiquem atentos ao comportamento das crianças. No caso da vítima, se a criança começa a não querer ir à escola, ter baixo rendimento escolar, diz ter medo de ir à escola ou fazer o trajeto sozinho, sente-se mal na hora de ir para a aula ou, com uma certa frequência, chega em casa machucado, sem dinheiro e com materiais estragados, ele pode estar sendo vítima de bullying.

Já no caso do agressor, crianças com comportamento agressivo, provocativo, que não se responsabilizam por seus atos, que apresentam dificuldade em se relacionar com outras crianças, em geral intimidando-as, podem, potencialmente, (mas não necessariamente), praticar o bullying.

Formas de tratamento

Se suspeitar que seu filho está sendo vítima de bullying, o primeiro passo é ter uma conversa com ele sobre o assunto. É importante que os pais tenham disponibilidade, paciência e ouçam o filho com uma atitude carinhosa e acolhedora. Prepare-se, pois pode ser que por medo, culpa ou vergonha ele não queira falar ou negue o que está acontecendo. Procure mostrar que ele não tem culpa, mas, ao mesmo tempo, não deixe de esclarecer se alguma atitude dele pode ter provocado a agressividade do colega.

Jamais o recrimine por não ter conseguido lidar com a situação. Incentive-o a contar o que está acontecendo, fazendo com que ele confie que estará a seu lado e que o ajudará. Em hipótese nenhuma aceite manter o bullying em segredo. Ajude-o a compreender que a única forma de resolver a situação é tornando-a clara, pois todos precisam de ajuda: ele e o agressor.

Não o incentive a revidar as agressões e não peça a ele que tenha qualquer atitude que não esteja pronto para tomar. Elogie sua coragem em ter falado sobre a situação com você. Deixe claro que entrará em contato com a escola, para contar o ocorrido, para que, juntos, possam tomar providências. Faça isso rapidamente e, mesmo que não pareça tão grave, não entenda essa situação como brincadeira entre crianças, pois não é!

Caso sua suspeita seja a de que seu filho está praticando bullying, da mesma forma, converse com ele. Esteja também disponível para ouvi-lo como alguém que precisa de ajuda e evite, de todas as formas, ser agressivo com ele, assim, você estará dando a ele um modelo saudável de como lidar com conflitos e problemas. Não deixe para lá ou minimize a situação. Deixe claro que desaprova completamente sua atitude, mas não ponha em dúvida o amor que sente por ele. Não esqueça que há uma parcela de responsabilidade da família nas atitudes de nossos filhos. Diga que irá ajudá-lo, mas que, para isso, terá que conversar com a escola sobre o que está acontecendo, para que, juntos, encontrem uma solução para o problema. Procure não apenas julgá-lo, mas ouça o que ele tem a dizer sobre a situação e sobre o que ele acha que pode estar levando-o a ter esse tipo de comportamento.

Se ainda não o faz, dê a ele regras e limites claros, mas sem ameaças ou intimidações. E faça valer esses limites, impondo consequências caso não sejam respeitados. É importante que esses limites sirvam para estruturá-lo e conscientizá-lo sobre suas atitudes. Promova uma conversa entre ele e o colega que está sendo agredido, criando uma oportunidade para que se desculpe. Se possível, peça a ajuda da escola para criar essa oportunidade. Não se esqueça de elogiá-lo, caso consiga fazer isso! Além das consequências seu filho precisa de ajuda, lembre-se disso.

Em ambos os casos, é imprescindível que família, escola, agressor e agredido se envolvam na busca por soluções para o problema. A psicoterapia é uma possibilidade a ser considerada, já que, tanto os agressores, como os agredidos e as famílias podem se beneficiar desse tipo de ajuda para entender o que está acontecendo e lidar com o problema.

Formas de combater o bullying

Nada é melhor e mais eficaz do que a consciência. É importante que pais e escolas conversem com suas crianças sobre o assunto, sobre a importância de se respeitar diferenças, de lidar com preconceitos. Para os pais, uma dica é se interessar e participar da vida e das atividades de seus filhos. Conversar com eles constantemente e abrir um canal de comunicação, afetivo e seguro são atitudes essenciais.

No caso das escolas, promover a participação dos alunos em discussões sobre regras de comportamento, projetos de inclusão de diferenças ou que desenvolvam solidariedade e trabalhem conceitos de ética, cidadania e responsabilidade social, podem prevenir o problema.

15 views0 comments
  • Writer's pictureSâmara Jorge

Carnaval chegando e, com ele, dúvidas e angústias sobre como lidar com os pedidos de filhos adolescentes para participar das festas, desfiles, micaretas, bailes e baladas.

É certo que o apelo nessa época é grande. O país se prepara o ano todo para a chegada dessa data. Mas quando se trata de educação e criação de filhos, esse não é um evento diferente. Permitir ou não que o adolescente brinque o Carnaval é uma decisão dos pais, assim como todas as outras decisões e limites necessários.

Essa pode ser uma ótima oportunidade para conversar com seus filhos sobre sexo seguro, drogas, álcool e responsabilidade. Ouvir o que ele tem a dizer sobre o assunto é fundamental. É preciso não esquecer que dialogar é falar, mas é também, saber ouvir. Leve em conta a forma como ele tem se comportado, se comete abusos, se vive em situações de risco, ou se tem demonstrado maturidade e responsabilidade com a vida de uma forma geral.

A adolescência é uma fase de curiosidade e experimentações. É também um momento de transição para a vida adulta e, embora muitos meninos e meninas já tenham uma aparência mais “adulta” e um discurso de autonomia e independência, ainda não estão prontos para lidar com o mundo adulto.

Há pais que têm receio de dizer não, especialmente nessa fase em que tudo é feito em grupo e os amigos são muito importantes. O não pode até ser visto pelo filho como uma injustiça, “chatice” ou intransigência dos pais. Mas lembre-se de que um limite justo e bem colocado é, na verdade, um ato de amor e proteção. A falta dele é sentida como abandono e pode ter consequências desastrosas. Quando caminham juntos, limites e liberdade estruturam a personalidade, preparam para a vida, dão referências e ajudam o jovem a desenvolver a responsabilidade, o cuidado com ele mesmo e uma consciência ética.

Caso resolva que está na hora de deixá-lo viver essa experiência, aqui vão algumas dicas:

Combine com ele o dia ou os dias em que irá para o Carnaval.

Procure saber com quem está, aonde vai e a que horas pretende chegar. Isso é essencial.

Busque informações sobre o local antecipadamente.

Converse com os pais dos outros adolescentes que farão parte da turma.

Participe. Se possível, leve e vá buscar. Caso contrário, combine com os outros pais como isso será feito.

E, sobretudo, seja coerente com a educação que dá a ele.

3 views0 comments
ARTIGOS_2.jpg
bottom of page